terça-feira, 28 de dezembro de 2010


Iguais


Sou em essência enamorado
feito rubros ou alvos poetas
que às suas donzelas doaram
não apenas uma vida,
e afogueadas lembranças.
arquitetaram rimas despidas
e versos puros
jurando amor.

Sou o que muitos não entendem
com rápidas palavras
peço-a a mão.

Se sonhar em tê-la é loucura
interne-me!
Pois não tenho como negar
que o tempo foi subitamente
responsável por este entusiasmo.

Foi-se as horas
e com elas a vontade de possuí-la
sobre um cetim, meticulosamente
acomodado.

Vai-se neste ardor
rimas tão fáceis
a um coração voraz.
Passou mais um dia
longe do teu corpo.
Será que agüento esta tortura?

Sei que és única
com uma graça sem igual.
E assim, imploro,
para sermos um par
de almas despidas
pulsando o mesmo gosto
por um romantismo sem igual.


Bento A. G.

( Que este novo ano venha sem igual com realizações díspares, sonhos, loucuras...amores.
Que jamais seja igual a qualquer outra perfeição.
Feliz 2011)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Deleite

Em mim fervilha
Idéias tão quentes
Quanto à pimenta.

Tempero teu corpo
Com a precisão de minha boca
E a voracidade de minha língua
Palpitando teus picantes lábios.

Toco-a, então, no G
Tanto maiúsculo quanto meu suor.

Transpiro o néctar
Adocicado de minha língua
Ao te ver completamente molhada.

O negro veludo
Agora alinhadamente desorganizado
Pelo balé de nossos corpos.

É tanta loucura
E os sonhos crescem
Quando não posso mais negar
No teu seio minha fala emudece.

Bento A. G.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pôr-do-sol


No poente
Céu alaranjado.
Nossos corpos na grama
Nossas almas fundidas.

Vem então a lua
E percebo a respiração alterada.

São nossos corpos a se tocar
Tão delicadamente
Quanto carícias a uma rosa
E sinto os seios.

Febris, tocando-me
Assim como a aquarela
Toca aos olhos atentos.

Subitamente
Descrevo-a
Em versos estáticos.
E no final,
A arte abstrata
Revela-se perfeitamente
Como um desejo incondicional.

Bento A. G.


( Aos poucos vemos que a convivência apenas persiste se formos perfeitamente delicados e compreensivos. Vemos que as coisas mais simples são as melhores e as mais intensas nossa eterna busca...)
Artesão


Artesão que sou
Esculpo frases compassadas.
E um bailar infinitamente
Descompassado.
Minhas veias artísticas
Vão muito mais além.


Desenho contornos
Ardorosos.
Cultivo plantações
Díspares a um homem.
Sou assim, abstratamente
Poeta, pintor e artesão
De rimas e sub-versos.


Quando vejo-a.
Minha essência estoura
Longas passagens de amor.
                 

Artesão que sou
Descrevo-a.


E uma vez mais,
Estou aqui.
Implorando tua lascívia.
Suplicando uma vez mais
Para tê-la
Em todas as rimas
Que um romancista possa ter.

Bento A. G.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

In My Life

Se não me faltassem palavras
construiria uma rima impecável
mas deixo-te apenas com sinceridade.

Emolduro em versos simples
todo o carinho de um amante
e o delírio de um poeta.

Dispo versos e substantivos
descrevendo-a feito rosa
com uma beleza ímpar
e um olhar penetrante.

Não sei mais como negar
que um dia me encantei
ao vê-la cantar
e meu coração, suplicou-a. 

Bento A. G.

( A música tem uma mágia peculiar de nos inspirar de formas diversas, seja com a empolgação de uma dança ou a sutilidade de um verso. E "In my life", em especial toca-me a cada vez que escuto-a, como não poderia ser diferente, inspirou-me... )

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

     Como um todo


    No avesso de qualquer
     contradição.
     Uma seqüência,
     lógica em plenitude,
     rasga-me os pensamentos.
 
     Se por opção puder
     decompor uma ou outra emoção
     Num misto de inconseqüência;
     esboço um rascunho perfeito das atitudes
     que tens em certos momentos.
 
     Desenho-a, então, em preto e branco,
     feito retrato antigo.
     Pois, sei que amo-a
     do açúcar
    à pimenta.

Bento A. G.

( Querer-te não é apenas uma opção, é uma vontade crua que me consome como um todo, faz-me em certas horas criança e em outras pecador. Querer-te é ter o romantismo doce e uma lubricidade feroz... Querer-te é possuí-la primeiramente com o coração e depois com a carne.)

domingo, 19 de dezembro de 2010


Libidinosa


Dos pedregulhos ao norte às terras roxas do sul um olhar esverdeado a me endoidecer. Ao centro um verde tão claro e doce banhado as beiradas por um mel peculiar, assim eram seus grandes olhos demarcados cuidadosamente por um preto característico. Deixa-se sempre presente nos coração andarilhos que por ela passavam. E como não podia ser diferente, ficou gravado no meu.
Seus lábios encarnados pela vaidade noturna encantavam-me com uma imparcialidade indescritível. Seu rebolado compassado paralisava-me.  E a cada hora um novo rosto em seu sombrio quarto, eram homens a mil, numa virilidade ímpar querendo-a como nunca. Seu gargalhar era de imensa companhia, seu gemido insuperável. De tanto acompanhá-la sabia cada gesto seu e nada me parecia igual.
Sentia-me único em seus braços e outro qualquer em sua pornografia. Não há como ser diferente depois de tantos clientes. Porém queria apenas uma dança, de uma donzela sem igual, uma descompassada mulher, aparentemente sem valor. Mas sua sabedoria era desigual a qualquer outra.
Suas vestimentas curtas, suas meias rasgadas... Pensava a festa estava encerrada, não ia ter como transformá-la. Por contraponto o fiz. Agora entre as mais castas, de uma postura ereta um tagarelar formal, encontrávamos nas folias mais privadas. Não era uma dama de companhia, e sim a mais perfeita delas. Vinda de um submundo fazia-se tão invejada por todas. Debochava freqüentemente destas. Pois sabia que nos pensamentos mais conservadores era apenas a libidinosa.
Ao meu coração sempre foi aqueles olhos tão doces, aquela boca afogueada e uma dama de fato. Eu como soberano e intelecto jamais pensei numa donzela tão díspar, todavia foi conhecendo-a a fundo que percebi, a experiência a trouxe um entendimento superior, uma postura firme e um amor infindável. Assim, sem querer, apaixonei-me perdidamente pela libertina, nos olhos alheios, pois com certeza não a conheciam perfeitamente como Eu.

Bento A. G.

"Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porquê de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!"


Bento – Releitura.


Aos vinte e um, nasci
De entranhas e putrefatos
Numa revolução incompreensível.

E o ciclo
Parece-me psicoses febris.
Com a espada em minhas mãos
Quero o Ouro e o Dragão
Ou por suposto, qualquer final feliz.

As armas mancharam meu corpo
E as rosas
O delinearam...

Agora, no sopro tangencial
Procurei a melhor reta,
Que pudesse ao menos
Mostra-me quão gloriosa
Foram estas revoluções...

Novamente
Sobre minha lápide
Questiono-me, por quê?

Vejo tão afogueados seres
Estão na penumbra do inferno
Esperando-me.

Eis que vejo no sepulcro ao lado
“Hasta la Victoria siempre”
Então percebo... Éramos jovens
Pintando bandeiras
E revoluções...

(Foram tantos porquês sem resposta e outros tantos com respostas convictas. Foram-se sonhos, ideais, revoluções... e ainda persiste um teimoso coração, estacnado na grande guerra que é dar-se amor.)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Imo


Veio de longe uma fragrância que ao mesmo tempo de familiar era tão desconhecida. Dobrei então a passos largos a esquina. Vi, esvaecendo-se no horizonte uma bela silueta.  Como quem não quer nada, meia volta dei.
Foi-se à tarde, a noite e novamente na mesma esquina esperava. E assim repetiu-se tal rotina por dias a fio. E o porquê de tanta curiosidade? Nem sei explicar. Chegou calado e manso o verão. No entanto algo persistia daquele inverno. Refrescava-me a alma cada vez que, mesmo ainda sendo desconhecida, podia relembrar tal aroma.
Um cotidiano metodicamente executado. Os passos eram exatamente iguais em números e personalidade. Um mais cabisbaixo que o outro. Mais uma vez estava na tal esquina, parado. Porém desta vez, a passos ríspidos fui de encontro ao horizonte.  Com uma certeza íntima que no fim Eu era obrigado a ser feliz. Ao fim, árvores e um belo riacho. A água límpida transcorria feito meus sonhos de ainda sentir aquele cheiro tão familiar.
Voltava, já com uma marcha abatida, tal qual, o soldado perdedor. E na minha esquerda, sobre uma luz fosca, sentada, com cigarro na boca e uma dose de álcool vagabundo sobre a mesa a vi! Não tinha como estar errado; aquela silueta jamais saiu da frente dos meus olhos, pensei.
Ergui-me então, com peitos estufados e até ela caminhei.
-Oi, lhe disse. O silêncio perdurou por torturantes segundos. – Sente-se, foi a resposta.
E após tanto tagarelar, notei que jamais estive longe dela. Curvas acentuadas e uma cor marcante, era vermelha. E um ritmo próprio. Mais do que encantado,o seu nome perguntei. –Coração, foi a resposta que obtive.
Então, a passos desconhecidos retornei à casa. Vinha a todos anunciar, meu íntimo reencontrei. Cuido-o agora com minha vida, pois a vida não passa de um dia senão soubermos aproveitá-la intensamente.


( Cada um demora o instante necessário para encontrar seu coração, quando encontra-o acha que é mentira... Porém será mesmo que o encontrou?
 É até agora me pergunto isso... CADÊ VOCÊ AMOR... )
 

Metade

Vejo quase sempre
além do prazer
qualquer afogueado corpo nu.

Um misto estéril
de poeta e amante
nas notas de um Blues.

Dispo versos e substantivos
descrevendo-a feito rosa
com uma beleza ímpar
e um olhar penetrante.

Findo qualquer estro
na abstrata arte
que me parte,
virilidade e coração.

Bento Almeida Gonzaga

" Roupa Nova - Anjo

  Lembre que um sonho não volta atrás
  Chega perto e diz: "Anjo!"
  Se você sente o corpo colar
  Solte o seu medo bem devagar
  Chega perto e diz: "Anjo!"
  Bem mais perto diz: "Anjo!" "   
( Esta música esta me consumindo de uma forma... Uma bela inspiração.)


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Religioso


Esvaeço-me das cicatrizes
que ora veio de outono, ora de inverno
Por vaidade, pintei tudo, com um tom de roxo. 

E na alma sacrificada, a hóstia
Passou pela mão de milhares
e nenhum notou... 

 Fui para algumas crenças
o herói derradeiro
nos versos de minha soberania;

Seqüestrando a lucidez 
pus-me a ser o Santo
das belas virgens.

Coloquei-as por se perder
com doces apelos 
Pois, afinal, sou Santo.

( Nas entrelinhas da poesia, uma filosofia vã muitas vezes de sentidos incompreensíveis. No entanto é esta que nos permite liberar todos os nossos caos.
"O infinito é um dos deuses mais lindos..."
"Se alguém já lhe deu a mão e não pediu mais nada em troca, pense bem! É UM DIA ESPECIAL..."
Veja com os olhos do coração, talvez enxergues mais do que simples palavras... 
Comentários que achei úteis... )


Bento Almeida Gonzaga

Meus dias ficam num tom uniforme
quando não te vejo...
E as horas passam previsíveis,
é a melancolia da saudades.

Meus dias tornam-se tão coloridos
quando tenho-a em meus sonhos...
Que misturo harmonias
para amá-la.

Minha vida fica tão sem sentido
longe de você
que sei apenas te dizer:
- Preciso, demais, amar você!

( "Não te dizer o que eu penso... Já é pensar em dizer..." )
Bento Almeida Gonzaga

Para começar...

Entrelinhas

  Perto do teu corpo
serei apenas amor.
Junto de tua alma
sou voracidade.

Tocando teu íntimo
sou pura melancolia
perdendo-me no teu olhar...
sou não mais que alegria.

 Bestial que sou
  Perco-me dela...
  Logo dela... Doce e jovial.
  Feito formosa donzela.

Bento Almeida Gonzaga